quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

CBH - MANHUAÇU

NOTA DO BLOG: Essa ação em si não basta, mas ela é importante.

MEIO AMBIENTE

23/12/2015
Lama no Rio Doce: comitês da bacia hidrográfica cobram ações ambientais

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MARIANA (MG) - A fim de conhecer de perto a situação dos municípios mais atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão (Samarco), localizada na região de Mariana, e de aliar, junto à comunidade e autoridades, as necessidades locais às ações de recuperação da bacia, representantes dos Comitês de rios afluentes e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) realizaram, entre os dias 17 e 19 de dezembro, uma expedição.
Nomeada “Missão Mariana”, a expedição foi marcada pela visita ao distrito de Bento Rodrigues e às cidades de Barra Longa e Rio Doce, sendo finalizada na UHE Risoleta Neves (Candonga).
O presidente do CBH-Doce, Leonardo Deptulski, destacou a importância da visita e do papel dos Comitês nesse momento de crise. “Precisamos entender a gravidade do que aconteceu e a necessidade de ações urgentes. E, nesse contexto, o nosso Plano Integrado de Recursos Hídricos (PIRH) precisa ser o ponto de partida, combinado com as ações emergenciais que precisam ser realizadas após o desastre”.
Já segundo a secretária executiva do CBH-Suaçuí e presidente da Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do CBH-Doce, Lucinha Teixeira, este é o momento de “fortalecer os onze comitês, pois é de nossa inteira responsabilidade salvar os afluentes para recuperar o Rio Doce”, disse Lucinha.
Reunião de alinhamento
Na noite do dia 17 de dezembro, uma reunião de alinhamento marcou o início das atividades da expedição. O objetivo foi alinhar, junto aos cerca de 40 participantes, como seria o andamento da “Missão Mariana”.
O encontro foi voltado para esclarecimentos e orientações sobre as atividades, repassados pela representante da prefeitura de Mariana e membro do CBH-Piranga, Rogéria Trindade. Ela abriu os trabalhos explicando as questões de segurança das áreas afetadas. “O desastre também afetou a economia da cidade de Mariana, pois caíram consideravelmente os investimentos na cidade”, lembrou Rogéria.
Já o presidente do CBH-Manhuaçu, Senisi Rocha, que participou da organização da expedição, destacou a importância de visitar as áreas afetadas e ver de perto os impactos da tragédia. “Nós, representantes do CBH-Doce e dos comitês de rios afluentes, não poderíamos deixar de sentir na pele a realidade da tragédia. Precisamos passar por essa experiência.” disse Senisi.
Atividades em Mariana
O segundo dia da “Missão Mariana” foi marcado pelo encontro com autoridades e representantes da associação de moradores atingidos pelo rompimento da barragem de Bento Rodrigues, distrito de Mariana – MG.
O prefeito do município, Duarte Junior, ressaltou a importância da participação dos Comitês nas ações de recuperação da bacia. “Qualquer decisão em relação a esses mananciais necessita da presença dos Comitês. Precisamos agora fazer um trabalho conjunto para errar menos e, para isso, precisamos ter representantes que conheçam a realidade das bacias e que possam fazer a diferença“.
Já o presidente da associação dos moradores de Bento Rodrigues, José Nascimento de Jesus, lembrou, emocionado, de como era o distrito antes da tragédia. “Perdemos nossa essência, nossa raiz. Esperamos que a empresa faça a parte dela e que isso seja feito o mais rápido possível”, disse.
Durante o encontro, o presidente do CBH-Piranga – bacia mais afetada pela tragédia, Carlos Eduardo Silva, destacou que é preciso rever a utilização de barragens de rejeito de minério. “Que isso sirva de exemplo não só para Minas, mas para o Brasil. Essas barragens de rejeito precisam ser repensadas e modernizadas, para que catástrofes como essa sejam evitadas. Agora, o rio Piranga é um dos rios afluentes que se tornará essencial para a recuperação do Rio Doce”.
Visita a Bento Rodrigues
Ainda no segundo dia da expedição, os participantes conheceram de perto a situação do distrito de Bento Rodrigues – região mais atingida pelo rompimento da barragem de Fundão. A imagem do que restou da vila chocou os representantes dos Comitês, que se mostraram solidários à situação dos moradores. “É só vendo para entender o que aconteceu aqui em Bento Rodrigues”, disse Jonas Chequetto, representante do CBH-Barra Seca e Foz do Rio Doce.
O presidente do CBH-Caratinga, Ronevon Huebra, afirmou que “o sentimento é de tristeza e pesar. Esperamos que isso não volte a acontecer e que nós, enquanto sociedade, possamos a ter uma atitude de consumo consciente; que os Comitês de Bacia trabalhem na recuperação do manancial e que a empresa Samarco repare os danos causados”.
Encerramento
O terceiro e último dia da “Missão Mariana” foi marcado pela visita aos municípios de Barra Longa – segunda região atingida pelo rejeito – e Rio Doce, local onde há o encontro dos Rios do Carmo e Piranga, formando o Rio Doce. Além disso, os participantes da expedição conheceram a UHE Risoleta Neves (Candonga), primeira usina a receber a onda de lama após o desastre.
O membro do CBH-Doce e índio da etnia Krenak, Renaldo Lino, falou sobre a tristeza da comunidade indígena e a expectativa para a recuperação do Rio Doce. “Para a gente o rio é cultura, lazer e, acima de tudo, vida. A tragédia de Mariana afetou diretamente a nossa história e o nosso meio de vida. O trabalho agora deverá ser conjunto para que a gente tenha o nosso rio de volta“, enfatizou.
Ao final da expedição, os representantes dos Comitês fizeram uma reflexão sobre o ocorrido e reafirmaram o compromisso em função da recuperação do Rio Doce.
Com informações do CBH Manhuaçu e CBH Doce

domingo, 13 de dezembro de 2015

TEXTO FINAL DA COP 21

COP 21 DIVULGA TEXTO PARA ACORDO HISTÓRICO
NOTA DO BLOG: A partir da ideia, pensar global e agir localmente, postamos na íntegra o artigo da revista Exame como primeiro post após COP 21, um breve resumo sobre o texto final.

São Paulo - O texto final do acordo do clima da COP 21, intitulado  "Transformando nosso mundo: a agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030", foi divulgado na manhã deste sábado aos delegados de 190 países do mundo, e, se for ratificado, poderá ser um dos tratados mais importantes sobre mudança climática já assinados.
O projeto de texto reconhece que "as alterações climáticas representam uma ameaça urgente e potencialmente irreversível para as sociedades humanas e para o planeta e, portanto, requer a mais ampla cooperação possível de todos os países e sua participação numa resposta internacional eficaz e apropriada, visando acelerar a redução da as emissões globais de gases de efeito estufa".
O documento também reconhece que "serão necessárias reduções profundas nas emissões globais", a fim de enfrentar as mudanças climáticas que são uma "preocupação comum da humanidade".
O que o acordo de Paris inclui
-  O projeto de acordo para frear as mudanças climáticas traça planos para garantir  "um aumento da temperatura média global inferior a 2 °C em relação aos níveis pré-industriais e também reconhece a urgência de prosseguir com os esforços em limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C".
- O acordo também prevê o compromisso de acompanhamento e revisão a cada cinco anos de como os países estão aplicando seus planos climáticos, com o primeiro encontro marcado para 2023.
- Um mecanismo de perdas e danos, para lidar com os prejuízos financeiros que os países vulneráveis sofrem com os fenômenos extremos, como cheias, tempestades e temperaturas recordes.
- Um pedido para que os países revejam seus planos climáticos nacionais em 2018, antes de entrarem em efeito pós-2020.
- Pede ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que apresente um relatório especial em 2018 sobre os impactos do aquecimento global de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
É notável a ausência no texto de uma escala temporal clara de quando os combustíveis fósseis deverão ser eliminados. O projeto anterior, divulgado na sexta-feira, dizia que as partes iriam trabalhar "no sentido de atingir a neutralidade nas emissões de gases de efeito estufa na segunda metade do século". Não há resquício dessa intenção no novo acordo.
Responsabilidade histórica
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA CHINA

Ao abrir a sessão plenária da cúpula do clima de Paris, na manhã deste sábado,  Laurent Fabious, presidente da COP 21, disse que o texto contém os elementos principais antes considerados impossíveis de se alcançar. "É diferenciado, justo, duradouro, dinâmico, equilibrado e juridicamente vinculativo".
Dirigindo-se aos ministros e negociadores, e todos aqueles que assistiam a apresentação do documento final da COP 21, Fabius instou os representantes dos países a ter em mente o imenso desafio que têm em suas mãos: "A nossa responsabilidade na história é imensa."
Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU,  destacou o peso histórico do acordo: "Chegamos a um momento decisivo em uma viagem longa, que remonta décadas de negociações. O documento apresentado é histórico. Ele promete colocar o mundo em um novo caminho, para um futuro resiliente ao clima e de baixas emissões."
O Presidente da França, François Hollande, reforçou a ideia de cooperação global. Há apenas uma pergunta, ele disse: "Nós queremos um acordo?"
A conferência tem que dar o último passo, segundo ele, que elogiou o texto como ambicioso, mas realista. "Neste 12 de Dezembro de 2015, podemos ter um dia histórico".
A data pode trazer uma mensagem de vida, disse ele, lembrando que Paris foi atacada por terroristas quase um mês atrás. "Então, senhoras e senhores, a França pede que vocês adotem o primeiro acordo universal sobre o clima".
Reações pelo mundo
As reações ao acordo foram as mais diversas entre ONGs e entidades ambientalistas ao redor do mundo:

Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace, disse que, embora a "roda da ação climática" gire lentamente, ela se transformou em Paris, colocando as empresas de combustível fóssil no "lado errado da história":
"Há muito no texto que foi diluído e poluído pelas pessoas que exploram o nosso planeta, mas [ele] contém o imperativo de uma nova temperatura para limitar até 1,5 graus o aquecimento. Esse número vai causar consternação nas diretorias de empresas de carvão e nos palácios dos estados exportadores de petróleo.", declarou Naidoo.
O chefe da delegação da ONG WWF, Tasneem Essop, também disse que os países precisam intensificar seus esforços, mas considera  que a redação do objetivo geral foi um "sinal forte".
"Ao incluir uma meta bem abaixo de 2°C de aquecimento com uma referência a um objetivo de 1.5°C no longo prazo, o mais recente projeto envia um forte sinal de que os governos estão empenhados em se alinhar com a ciência. O que precisamos agora é que suas ações, incluindo a redução de emissões e financiamento, somem-se para  cumprir essa meta", afirmou.
Já o presidente-executivo da ActionAid, Adriano Campolina, disse que o texto não foi longe o suficiente para proteger as pessoas mais pobres do mundo.
"O status elevado e todo o 'hype' em torno da ideia de um limite de aquecimento de 1.5°C não resultou em quaisquer compromissos reais e concretos. Este teto  não poderá ser alcançado com os cortes de emissões propostos pelos países ricos e que de fato levam ao aumento da temperatura de 3°C. "
O presidente do Instituto Grantham de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente - e autor do Relatório Stern sobre a Economia das Mudanças Climáticas - Nicholas Stern elogiou o acordo proposto como um "momento histórico" para as gerações futuras.
Ele disse em um comunicado:


"O acordo de Paris é um ponto de virada na luta mundial contra as mudanças climáticas climáticas que ameaçam a prosperidade e o bem-estar entre os países ricos e pobres. O acordo cria enormes oportunidades para que os países comecem a acelerar o caminho para um desenvolvimento econômico de baixo carbono e o crescimento."

domingo, 6 de dezembro de 2015

MUTUM: PENSAR GLOBALMENTE, AGIR LOCALMENTE

NOTA DO BLOG: Mutum tem avançado nas questões ambientais. Seja de forma afetiva (muitos de nós somente ficamos nas redes sociais postando fotos, artigo e mensagens), seja de forma efetiva (colocando a mão na massa como a atividade do final de semana passada, dia 28 de novembro, em Imbiruçu).
Tanto a estrutura oficial (Secretaria do Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável , SEMADES) e outras secretarias e a POLICIA MILITAR DO MEIO AMBIENTE, como associações e grupos sociais têm feito ações que levam no mínimo à reflexão de todos que se preocupam com as questões ecológicas.

Nosso blog MUTUM ECOLOGICO, trabalhando afetivamente, compartilha com todos esse artigo postado no blog de um grande brasileiro na defesa do meio ambiente criando o que nós chamamos de ECO-TEOLOGIA.
E ele compartilha conosco um artigo escrito mediante o acompanhamento da COP-21 pelo jornalista WASHINGTON NOVAES.
Segundo o cálculo de Carlos Nobre, para o Brasil, em Mutum, com uma população de 26.661 habitantes, emitiremos esse ano cerca de 200 mil toneladas de gases poluentes na atmosfera.
A proposta do nosso blog ao compartilhar tais artigos é nos subsidiar para “Pensarmos globalmente e agir localmente”.
 
JORNALISTA WASHINGTON NOVAES
O clima bate às portas e pede muita urgência: W.Novaes
02/12/2015
Washington Novaes é conhecido desta coluna, pois temos reproduzido muitos textos dele sobre questões ecológicas. Talvez seja o jornalista mais bem informado de nosso pais. Como estamos acompanhando, não sem preocupações, a Cúpula do Clima (COP 21) em Paris nos começos  de dezembro, oferecemos aqui um apanhado geral da situação climática atual e o impasse, já por nós denunciado num artigo nesse blog e confimado por Washington Novaes neste artigo a aparecer nos primeiros dias de dezembro em O Estado de São Paulo. Os chefes de Estado não despertaram ainda acerca da urgência deste problema que poderá nos preparar surpresas altamente desagradáveis em termos  de estresse da Terra e da dizimação de boa parte da biodiversidade, não poupando nem a espécie humana. Como nunca antes na história, o destino comum está em nossas mãos e sob o nosso cuidado: se queremos cair no abismo que nós mesmos criamos ou se nos livramos dele através de outra forma de habitar e cuidar da Casa Comum: lboff
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Não está sendo nem será fácil ou tranquila a vida dos chefes de Estado e outros participantes da Cúpula do Clima em andamento em Paris, e que pretende definir novas metas para a redução de poluentes – gerais e em cada país -, além de outras regras para o setor. Já antes que ela começasse, o secretário de Estado John Kerry contrapôs-se ao presidente Obama, ao dizer         que seu país não aceitaria regras obrigatórias, vinculantes – a mesma postura do enviado especial norte-americano, Todd Stern. Este último chegou a propor um “modelo híbrido”, em que obrigatórias seriam apenas as regras para verificar as emissões de cada país – não os limites para estas. Um dos argumentos é o de que os EUA já definiram que pretendem reduzir as suas entre 26 e 28% até 2025 (confrontadas com as de 2005).
Não há surpresa até aí. Quando se encerrou a reunião preparatória em Bonn, há algumas semanas, o documento final com as posições dos países tinha 55 páginas, cada um deles defendendo seus interesses específicos – o que poderia levar à paralisia. Um especialista da CEPAL, Luis Miguel Galindo, advertia que já estamos emitindo no mundo 7 toneladas anuais de poluentes por habitante, ou entre 47 e 48 gigatoneladas (bilhões de toneladas) totais – há quem diga 50 gigatoneladas -, quando seria indispensável baixarmos para 20 gigatoneladas até 2050 (2 toneladas per capita).

Estudos da própria ONU dizem que, nos padrões de hoje, não alcançaremos o objetivo de limitar a 2 graus Celsius o aumento da temperatura na Terra – ficaremos com pelo menos 2,7 graus no fim do século. Para intensificar as medidas de adequação será preciso um fundo anual de US$100 bilhões, sobre o qual não há acordo entre possíveis financiadores.
Não é o único complicador. Relatório da Corporate Accountability International (24/11) entra no pantanoso terreno das finanças das corporações patrocinadoras das negociações sobre o clima. São empresas petrolíferas e de outros combustíveis fósseis, bancos, geradoras de energia etc. Segundo o relatório, contar com elas é como “contratar uma raposa para guardar um galinheiro”.
Como fazer, então, se a Agência Internacional de Energia diz (10/11) que as fontes “limpas” não garantem que fiquemos nos limites adequados ? E até 2040, na marcha atual, as renováveis devem representar apenas 15% do total do investimento no mundo – US$7,4 trilhões. Os combustíveis fósseis receberam subsídios de US$ 490 bilhões em 2014. Pouco menos que isso seria necessário investir em tecnologias de renováveis até 2030. Além disso, será preciso eliminar as usinas que queimam carvão, as mais poluidoras – mas que fornecem principalmente aos setores mais pobres (e há 1,2 bilhão de pessoas sem energia no mundo).
Poucos dias antes da abertura da conferência de Paris, morreu aos 86 anos Maurice Strong , a cuja persistência devemos a criação da Convenção do Clima, depois de ser o chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Quando o jornal “The Guardian” lhe perguntou, há poucos anos, o que pensava do panorama na área, ele respondeu que “operacionalmente” era otimista, pois “ainda é possível fazer o que sonhamos” – apesar de uma realidade preocupante a pontos de os participantes da conferência de Paris se dizerem alarmados com a situação da China e da Índia, com suas capitais cobertas por “nevoeiros sufocantes” (Francepress, 1/12). E com o panorama geral das emissões.
De fato, o total das emissões , que em 1990 era de 38 gigatoneladas anuais (com os EUA como maior emissor), em 2010 já está perto de 50 gigatoneladas (agora a China é o maior emissor com 23%, seguida dos EUA, com 15,5%). Se nada mudar, diz o PNUMA, poderemos ter aumento da temperatura entre 3 e 3,5 graus no fim do século.O estudioso Bill McKibben calcula em 556 gigatoneladas o máximo de dióxido de carbono que poderemos colocar na atmosfera sem ultrapassar 2 graus no aumento da temperatura. No Brasil, seria um despautério globalse queimássemos todas as reservas de combustíveis, inclusive no pré-sal
Há avanços importantes. Nos EUA, o presidente Obama rejeitou a proposta de construir o oleoduto Keystone XL, ligando o Canadá ao Golfo do México e depois espalhando-se pelo centro dos Estados Unidos, com passagem inclusive pelo Aquífero Ogalalla – o que seria inadmissível. A Grã-Bretanha fechará todas as suas usinas a carvão em poucos anos (elas geram 30% do total da energia no país) e passará para o gás e a energia nuclear (também discutível).
Fogo no Lixão de Mutum em 2014

Mas também seguem as advertências. A ONU tem alertado o Brasil (ESTADO, 7/11) sobre o crescimento preocupante das emissões de poluentes nas cidades e pelo complexo industrial, segundo as palavras de Achim Steiner, do PNUMA. O jornal “Le Monde” (25/11) tem assinalado a dificuldade crescente de a floresta brasileira regular o clima (em 40 anos, diz, 63 mil quilômetros quadrados de florestas foram abatidos;e 2004, foram 27.772 km2; em 2013, pouco mais de 5 mil; o Brasil já perdeu na região mais de 200 mil quilômetros quadrados de florestas, mais que o território do Reino Unido ). No Cerrado, perto de 40% já foram desmatados.
Do lado mais otimista, o respeitado cientista Carlos Nobre, do INPE, lembra que estamos com emissões de 7,5 toneladas por pessoa/ano, mas poderemos chegar a 4 toneladas anuais em 2030 e 2 toneladas em 2050 (Eco 21, setembro). A própria presidente da República tem afirmado que temos condição de recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e reimplantar florestas em 5 milhões de hectares.

É importante que tudo isso aconteça, que se detenha a progressão de temperaturas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que se implante de fato um Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima em 11 setores. Muito tem de ser feito. Não é por acaso que se reúnem em Paris os chefes de governo. Não será para trocar amabilidades.
FONTE:

sábado, 5 de dezembro de 2015

COP 21: ESPERAMOS POR UM NOVO ROTEIRO




"Escreveremos um novo roteiro sobre o futuro", afirma chefe da ONU sobre COP21

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Secretário-geral da ONU durante a abertura da Cúpula do Clima
Foto: ONU/Rick Bajornas
“Hoje vocês estão aqui para escrever um novo roteiro para o futuro”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na abertura da Conferência do Clima em Paris (COP21), na segunda-feira, 30 de novembro, acrescentando que um momento político como este pode nunca mais acontecer.
A COP21 trouxe à capital francesa 150 líderes mundiais com o objetivo de firmar um acordo universal para reduzir os efeitos das mudanças climáticas e limitar o aumento da temperatura global em 2ºC.
No processo preparatório para a COP21, países submeteram voluntariamente seus planos de ação para a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), chamadas, formalmente, de Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas (INDCs). Segundo Ban, mais de 180 países enviaram seus planos nacionais, o que abrange quase 100% das emissões globais.
“É um bom começo”, disse o secretário-geral. “Mas precisamos ir muito mais além e depressa se quisermos limitar a elevação da temperatura global abaixo dos 2 ºC”, disse Ban.
De acordo com especialistas, mesmo este aumento traria sérias consequências à segurança alimentar e de recursos aquíferos, à estabilidade econômica e à paz internacional.
“Países desenvolvidos devem manter sua promessa de mobilizar 100 bilhões de dólares por ano até 2020”, lembrou, “ Um novo acordo também deve incluir um quadro único transparente para medir, monitorar e informar sobre o progresso. E países com baixa capacidade deveriam contar com flexibilidade e apoio para que eles possam cumprir as exigências desse novo sistema”, pontuou Ban Ki-moon.
A secretária executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, lembrou que este ano representou um ano de viragem para a agenda do clima. “Depois de anos de trabalho árduo, finalmente vemos irreversibilidade de direção, profundidade de engajamento e ousadia na ação”, disse aos líderes na abertura do evento.
“Este ponto de viragem é notável, mas a tarefa não chegou a fim”, acrescentou. “Cabe a vocês capturar esse progresso e traçar um caminho sem equívoco adiante, com um destino claro, com marcos determinados e um prazo previsível que responda às demandas da ciência e a urgência do desafio.”
(Via ONU Brasil)
O conteúdo do EcoDesenvolvimento.org está sob Licença Creative Commons. Para o uso dessas informações é preciso citar a fonte e o link ativo do Portal EcoD. http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2015/dezembro/escreveremos-um-novo-roteiro-sobre-o-futuro-afirma#ixzz3tS54MjcS 

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

COP 21 & MUTUM: MAIS QUE UMA RIMA, É PRECISO SOLUÇÃO

A COP 21 que se iniciou ontem em Paris para tratar dos assuntos referentes às mudanças climáticas no Planeta Terra, esse mesmo que eu e você habitamos, não pode ser uma conferência para inglês, francês, japonês e todo primeiro mundo ver.
O mundo inteiro tem sofrido com o aquecimento global e Mutum não é uma ilha. Muito pelo contrário, estamos sofrendo aqui o calor escaldante, a crise hídrica, a poluição industrial, o uso abusivo de agrotóxicos, e tantos outros problemas ambientais que fazem parte do nosso cotidiano.

Por isso, o que for discutido em Paris tem relação com Mutum-MG. O Brasil colocou em pauta, pelo discurso da nossa presidenta, a tragédia que a mineração causou em na nossa região.
O Aquecimento Global não é mais projeção. O Aquecimento Global é realidade vivida, sentida e lamentada.
Um artigo publicado hoje pelo Portal Ecodebate aponta para três soluções urgentes.
1ª) AGRICULTURA INTELIGENTE. Mutum tem uma economia essencialmente agrícola. Precisamos trabalhar com técnicas sustentáveis, e aí não é o agronegócio que vai nos salva, mas sim a agricultura familiar. O Uruguai com três milhões de habitantes produz alimento para vinte e oito milhões de pessoas. E Mutum, produz alimentos para quantas pessoas. O arroz que vende-se nos nossos supermercados vêm de onde?

2ª) PUNIÇÃO A POLUIDORES: A grande injustiça do Brasil reside num judiciário lento para punir, sobretudo quando se trata de grandes nomes da economia. Nossa justiça age com dois pesos e duas medidas, e em Mutum, não tem sido diferente. Uma reforma no judiciário depende de colocarmos esse assunto em pauta na hora de escolher aqueles e aquelas que fazem e farão nossas leis. Em 2018 teremos eleição para esse objetivo. Cobrar dos atuais também legisladores federais eleitos com nossos votos.

3º) PROTEÇÃO CONCRETA: Se a temperatura do nosso planeta continuar subindo, teremos migrações em massa. Os mais desprotegidos diante dos desastres naturais são os mais pobres. Financiar estruturas de desenvolvimento econômico locais ajuda a manter a população no seu local de origem.

Então temos questões políticas e econômicas para enfrentar as questões ecológicas.
Essas três soluções são apontadas por ninguém menos que o Banco Mundial em seu relatório denominado Grandes Catástrofes: Como Enfrentar os Efeitos das Mudanças Climáticas na Pobreza.

Mutum precisa criar projetos de agriculturas mais sustentáveis, amparar nossos trabalhadores criando oportunidades de geração de renda e cobrar do poder judiciário decisões mais enérgicas em questões ambientais.

domingo, 29 de novembro de 2015

UM ADEUS AO RIO DOCE





Eram pouco mais de 15h de quinta-feira, dia 5 de novembro, quando um forte estrondo foi ouvido nas proximidades de Fundão, uma das três barragens de rejeitos mantidas pela mineradora Samarco, a cerca de 50 km de Mariana, na região Central do Estado. Em 40 minutos, 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos, despejados com o rompimento da barragem, começaram a lamber de forma devastadora as primeiras casas do distrito de Bento Rodrigues, a 2,8 km do local do acidente. Dali em diante, como um enorme tsunami, o mar de lama foi avançando de forma impiedosa, abrindo caminho em meio a pequenos distritos, propriedades rurais, vegetação intocada, lagos, córregos e rios. Nada foi poupado nem foi capaz de segurar a força daquela espécie de “lava fria”, responsável por matar 12 pessoas (11 ainda estavam desaparecidas), enterrar histórias e devastar um múltiplo bioma.
A reportagem de O TEMPO acompanhou de perto esse rastro de morte provocado pelo maior desastre ambiental do Brasil e um dos maiores do planeta, levando-se em conta o volume de material derramado na natureza. Além da redação em Belo Horizonte e de equipes em Mariana, os repórteres Bárbara Ferreira e Lincon Zarbietti foram do coração de Minas à divisa do Espírito Santo, onde o rio Doce deságua no mar, testemunhando esse cortejo fúnebre da quinta maior bacia hidrográfica do país.
Este especial dimensiona o tamanho do dano causado ao meio ambiente até aqui (quase um mês após o desastre), questiona as responsabilidades dos agentes envolvidos e, principalmente, mostra a dor de quem vive do agora agonizante rio Doce.
Nas palavras de Alberto Caeiro (um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa), assim o ribeirinho se relaciona com o rio de sua comunidade:
“(...) O Tejo desce de Espanha/E o Tejo entra no mar em Portugal/Toda a gente sabe isso/Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia/E para onde ele vai/E donde ele vem/E por isso, porque pertence a menos gente, é mais livre e maior o rio da minha aldeia (...)”.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A DIVISÃO DA TRAÍRA


NOTA DO BLOG: Ribeirinha por anos a fio, Rute Pires é uma boa observadora da rotina do Rio São Manoel.

Agora ela nos escreve esse belo texto. Bem, leia e tire suas conclusões.

Aqui podemos visualizar o Rio São Manoel após receber as águas do "Ribeirão Mutum" As garças aproveitam para retirar do rio quase seco o seu café da tarde. Nessa foto não é possível registrar a história que vou compartilhar com você que gosta de ler o que escrevo. Mas o fato aconteceu com outros bichos, bem aqui nos fundos do quintal de meus pais, na outra margem do rio. E se esse fato não tivesse uma testemunha além de mim ficaria difícil de alguém acreditar. Minha tia Alzenir que estava comigo. Trata-se da atitude de um animal nem sempre valorizado por nós. Esse animal, chamado lixeiro da natureza, nos deu uma lição maravilhosa. Foi uma coisa estranha que a gente não esperava ver em um animal, e muito menos num urubu. Estávamos sentadas, como toda tarde ficamos, observando o rio, os marrequinhos e até mesmo a presença nem sempre bela de alguns urubus. Conversávamos a respeito dos peixes mortos na outra margem e estávamos entristecidas por causa disso. Então vimos a cena que nos marcou muito. Um urubu veio até a margem e, com muita dificuldade, mas com uma agilidade incrível conseguiu retirar uma enorme traíra morta e arrastou-a para fora. Nisso vieram mais dois urubus se aproximando. Observando a cena comentamos que iríamos ver uma briga entre eles por causa da comida pois o urubu pescador abriu as enormes asas e amedrontou os outros dois. Mas eles se afastaram.
E o urubu começou a comer a sua caça. Bom, foi o que pensamos...Mas aí que pudemos ver uma cena incrivelmente inusitada. Vimos o urubu dividir a traíra em três partes e colocar cada uma em um local diferente. E voltou para a parte que deixara para ele e os outros dois, que aguardavam do lado mais acima, no barranco, vieram e pudemos ver os três comerem até se fartarem. Achei nisso uma bela lição. Que bom se os seres que se dizem racionais pudessem contemplar a beleza da natureza e suas lições. Com certeza esse mundo teria outro rumo! Volto a dizer, eu presenciei essa cena em companhia de minha tia que também ama a natureza e ficou encantada como eu. Quem quiser ver como a natureza é bela sente-se, desça do pedestal travestido de falta de tempo e contemple. É Deus nos falando através dela! Vale a pena!!!!!