COP 21
DIVULGA TEXTO PARA ACORDO HISTÓRICO
NOTA DO BLOG: A partir da ideia, pensar global e agir localmente, postamos na íntegra o artigo da revista Exame como primeiro post após COP 21, um breve resumo sobre o texto final.
São Paulo - O texto final do acordo do clima da COP 21, intitulado "Transformando nosso mundo: a agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030", foi divulgado na manhã deste sábado aos delegados de 190 países do mundo, e, se for ratificado, poderá ser um dos tratados mais importantes sobre mudança climática já assinados.
O projeto de texto reconhece que "as alterações climáticas
representam uma ameaça urgente e potencialmente irreversível para as sociedades
humanas e para o planeta e, portanto, requer a mais ampla cooperação possível
de todos os países e sua participação numa resposta internacional eficaz e
apropriada, visando acelerar a redução da as emissões globais de gases de efeito estufa".
O documento também reconhece que "serão necessárias reduções
profundas nas emissões
globais", a fim de enfrentar as mudanças climáticas que são
uma "preocupação comum da humanidade".
O que o acordo de Paris inclui
- O projeto de acordo para frear as mudanças climáticas traça
planos para garantir "um aumento da temperatura média global
inferior a 2 °C em relação aos níveis pré-industriais e também reconhece a
urgência de prosseguir com os esforços em limitar o aumento da temperatura a
1,5 °C".
- O acordo também prevê o compromisso de acompanhamento e revisão a cada
cinco anos de como os países estão aplicando seus planos climáticos, com o
primeiro encontro marcado para 2023.
- Um mecanismo de perdas e danos, para lidar com os prejuízos
financeiros que os países vulneráveis sofrem com os fenômenos extremos, como
cheias, tempestades e temperaturas recordes.
- Um pedido para que os países revejam seus planos climáticos nacionais em
2018, antes de entrarem em efeito pós-2020.
- Pede ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que
apresente um relatório especial em 2018 sobre os impactos do aquecimento global
de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
É notável a ausência no texto de uma escala temporal clara de
quando os combustíveis fósseis deverão ser eliminados. O projeto anterior,
divulgado na sexta-feira, dizia que as partes iriam trabalhar "no sentido
de atingir a neutralidade nas emissões de gases de efeito estufa na segunda
metade do século". Não há resquício dessa intenção no novo acordo.
Responsabilidade histórica
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA CHINA |
Ao abrir a sessão plenária da cúpula do clima de Paris, na manhã deste
sábado, Laurent Fabious, presidente da COP 21, disse que o texto contém
os elementos principais antes considerados impossíveis de se alcançar. "É
diferenciado, justo, duradouro, dinâmico, equilibrado e juridicamente
vinculativo".
Dirigindo-se aos ministros e negociadores, e todos aqueles que assistiam
a apresentação do documento final da COP 21, Fabius instou os representantes
dos países a ter em mente o imenso desafio que têm em suas mãos: "A nossa
responsabilidade na história é imensa."
Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, destacou o peso histórico do
acordo: "Chegamos a um momento decisivo em uma viagem longa, que remonta
décadas de negociações. O documento apresentado é histórico. Ele promete
colocar o mundo em um novo caminho, para um futuro resiliente ao clima e de
baixas emissões."
O Presidente da França, François Hollande, reforçou a ideia de
cooperação global. Há apenas uma pergunta, ele disse: "Nós queremos um
acordo?"
A conferência tem que dar o último passo, segundo ele, que elogiou o
texto como ambicioso, mas realista. "Neste 12 de Dezembro de 2015, podemos
ter um dia histórico".
A data pode trazer uma mensagem de vida, disse ele, lembrando que Paris
foi atacada por terroristas quase um mês atrás. "Então, senhoras e senhores,
a França pede que vocês adotem o primeiro acordo universal sobre o clima".
Reações pelo mundo
As reações ao acordo foram as mais diversas entre ONGs e entidades
ambientalistas ao redor do mundo:
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace, disse que, embora a
"roda da ação climática" gire lentamente, ela se transformou em
Paris, colocando as empresas de combustível fóssil no "lado errado da
história":
"Há muito no texto que foi diluído e poluído pelas pessoas que
exploram o nosso planeta, mas [ele] contém o imperativo de uma nova temperatura
para limitar até 1,5 graus o aquecimento. Esse número vai causar consternação
nas diretorias de empresas de carvão e nos palácios dos estados exportadores de
petróleo.", declarou Naidoo.
O chefe da delegação da ONG WWF, Tasneem Essop, também disse que os
países precisam intensificar seus esforços, mas considera que a redação
do objetivo geral foi um "sinal forte".
"Ao incluir uma meta bem abaixo de 2°C de aquecimento com uma
referência a um objetivo de 1.5°C no longo prazo, o mais recente projeto envia
um forte sinal de que os governos estão empenhados em se alinhar com a ciência.
O que precisamos agora é que suas ações, incluindo a redução de emissões e
financiamento, somem-se para cumprir essa meta", afirmou.
Já o presidente-executivo da ActionAid, Adriano Campolina, disse que o
texto não foi longe o suficiente para proteger as pessoas mais pobres do mundo.
"O status elevado e todo o 'hype' em torno da ideia de um limite de
aquecimento de 1.5°C não resultou em quaisquer compromissos reais e concretos.
Este teto não poderá ser alcançado com os cortes de emissões propostos
pelos países ricos e que de fato levam ao aumento da temperatura de 3°C. "
O presidente do Instituto Grantham de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente
- e autor do Relatório Stern sobre a Economia das Mudanças Climáticas -
Nicholas Stern elogiou o acordo proposto como um "momento histórico"
para as gerações futuras.
Ele disse em um comunicado:
"O acordo de Paris é um ponto de virada na luta mundial contra as
mudanças climáticas climáticas que ameaçam a prosperidade e o bem-estar entre
os países ricos e pobres. O acordo cria enormes oportunidades para que os
países comecem a acelerar o caminho para um desenvolvimento econômico de baixo
carbono e o crescimento."
Baixe o acordo em inglês em: http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/cop-21-divulga-acordo-historico-pelo-clima
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