domingo, 29 de novembro de 2015

UM ADEUS AO RIO DOCE





Eram pouco mais de 15h de quinta-feira, dia 5 de novembro, quando um forte estrondo foi ouvido nas proximidades de Fundão, uma das três barragens de rejeitos mantidas pela mineradora Samarco, a cerca de 50 km de Mariana, na região Central do Estado. Em 40 minutos, 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos, despejados com o rompimento da barragem, começaram a lamber de forma devastadora as primeiras casas do distrito de Bento Rodrigues, a 2,8 km do local do acidente. Dali em diante, como um enorme tsunami, o mar de lama foi avançando de forma impiedosa, abrindo caminho em meio a pequenos distritos, propriedades rurais, vegetação intocada, lagos, córregos e rios. Nada foi poupado nem foi capaz de segurar a força daquela espécie de “lava fria”, responsável por matar 12 pessoas (11 ainda estavam desaparecidas), enterrar histórias e devastar um múltiplo bioma.
A reportagem de O TEMPO acompanhou de perto esse rastro de morte provocado pelo maior desastre ambiental do Brasil e um dos maiores do planeta, levando-se em conta o volume de material derramado na natureza. Além da redação em Belo Horizonte e de equipes em Mariana, os repórteres Bárbara Ferreira e Lincon Zarbietti foram do coração de Minas à divisa do Espírito Santo, onde o rio Doce deságua no mar, testemunhando esse cortejo fúnebre da quinta maior bacia hidrográfica do país.
Este especial dimensiona o tamanho do dano causado ao meio ambiente até aqui (quase um mês após o desastre), questiona as responsabilidades dos agentes envolvidos e, principalmente, mostra a dor de quem vive do agora agonizante rio Doce.
Nas palavras de Alberto Caeiro (um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa), assim o ribeirinho se relaciona com o rio de sua comunidade:
“(...) O Tejo desce de Espanha/E o Tejo entra no mar em Portugal/Toda a gente sabe isso/Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia/E para onde ele vai/E donde ele vem/E por isso, porque pertence a menos gente, é mais livre e maior o rio da minha aldeia (...)”.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A DIVISÃO DA TRAÍRA


NOTA DO BLOG: Ribeirinha por anos a fio, Rute Pires é uma boa observadora da rotina do Rio São Manoel.

Agora ela nos escreve esse belo texto. Bem, leia e tire suas conclusões.

Aqui podemos visualizar o Rio São Manoel após receber as águas do "Ribeirão Mutum" As garças aproveitam para retirar do rio quase seco o seu café da tarde. Nessa foto não é possível registrar a história que vou compartilhar com você que gosta de ler o que escrevo. Mas o fato aconteceu com outros bichos, bem aqui nos fundos do quintal de meus pais, na outra margem do rio. E se esse fato não tivesse uma testemunha além de mim ficaria difícil de alguém acreditar. Minha tia Alzenir que estava comigo. Trata-se da atitude de um animal nem sempre valorizado por nós. Esse animal, chamado lixeiro da natureza, nos deu uma lição maravilhosa. Foi uma coisa estranha que a gente não esperava ver em um animal, e muito menos num urubu. Estávamos sentadas, como toda tarde ficamos, observando o rio, os marrequinhos e até mesmo a presença nem sempre bela de alguns urubus. Conversávamos a respeito dos peixes mortos na outra margem e estávamos entristecidas por causa disso. Então vimos a cena que nos marcou muito. Um urubu veio até a margem e, com muita dificuldade, mas com uma agilidade incrível conseguiu retirar uma enorme traíra morta e arrastou-a para fora. Nisso vieram mais dois urubus se aproximando. Observando a cena comentamos que iríamos ver uma briga entre eles por causa da comida pois o urubu pescador abriu as enormes asas e amedrontou os outros dois. Mas eles se afastaram.
E o urubu começou a comer a sua caça. Bom, foi o que pensamos...Mas aí que pudemos ver uma cena incrivelmente inusitada. Vimos o urubu dividir a traíra em três partes e colocar cada uma em um local diferente. E voltou para a parte que deixara para ele e os outros dois, que aguardavam do lado mais acima, no barranco, vieram e pudemos ver os três comerem até se fartarem. Achei nisso uma bela lição. Que bom se os seres que se dizem racionais pudessem contemplar a beleza da natureza e suas lições. Com certeza esse mundo teria outro rumo! Volto a dizer, eu presenciei essa cena em companhia de minha tia que também ama a natureza e ficou encantada como eu. Quem quiser ver como a natureza é bela sente-se, desça do pedestal travestido de falta de tempo e contemple. É Deus nos falando através dela! Vale a pena!!!!!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

SAUDADES DOS VELHOS TEMPOS


Saudades do tempo
Em que podia brincar
às margens do São Manoel
Sem precisar me preocupar.

Com essa falta d'água
Ou com a poluição,
Os dejetos jogados no rio,
Trazem-nos destruição.

Saudades do tempo
Em que pescava com meu Paizinho
E caso sentisse sede
Deleitava-me com a água do rio.

Ele era majestoso
E emanava água corrente
Vieram empresas com "grandes projetos"
Partindo o coração da gente.

Não temos água na torneira,
Muito mal na geladeira,
E ainda há quem diga:
“tudo isso é besteira”.

Besteira é continuar
A usar sem pensar
No que pode acontecer
Se não pararmos de desperdiçar.


Isso não é brincadeira.
O ciclo pode não passar.
Se permanecer o descaso
A água pode acabar!

domingo, 22 de novembro de 2015

RÉQUIEM PARA O RIO DOCE




A discussão agora é se o rio Doce morreu ou respira por aparelhos. Sebastião Salgado afirma que dá para recuperar o rio Doce. Também achamos que dar.
Mas antes da recuperação, vamos ter que recuperar nossa consciência ecológica, vamos ter que recuperar a ideia de bem comum. Vamos ter que pensar em outro sistema político que supere a predação indiscriminada do meio ambiente em prol do capital. Um outro mundo é possível.
Inspirado na tristeza de ver o rio agonizando, temos dois poemas  que estão sendo publicado na página do poeta Klaus Mendes no site Recanto das Letras. PÁGINA DE KLAUS MENDES.


TIRO DE MISERICÓRDIA NO RIO DOCE
Primeiro veio pecuária...
Ciscando colinas de sedimentos
Solidificando o leito.

Em seguida, as hidrelétricas...
Feito ordenhadeiras
Sugando toda energia
Para nosso vil aproveito.

Agora a mineradora...
Frente ao rio que não mais deságua
Dá seu tiro de misericórdia
Mais que chumbo, todo rejeito.

Nesse primeiro poema, o poeta relembra os três atividades econômicas que devastaram o rio Doce e boa parte da sua bacia hidrográfica. A pecuária extensiva, as barragens das hidrelétricas, como a de Mascarenhas e Aimorés, e por último a mineração que veio com seu rejeito.





NECROSE DE UM RIO

A mineradora é
Meretriz imprudente
Enlouquecida com rendas
Esqueceu-se do absorvente

E uma necrosante menstruação
Descendo por gravidade
Aniquilando a seiva da vida
Cidade por cidade

O Rio Doce amarga
No mar está impedido que entre
Pois a meretriz lapida
A morte em seu ventre


No segundo poema, vemos a comparação da mineradora a uma meretriz que não cuida de seus absorventes, a barragem. Uma meretriz que aquilina a água, seiva da vida e sua menstruação, a lama, vai descendo de cidade em cidade. Afinal, é isso que ficamos debatendo nos últimos dias. Quando a lama vai chegar? Vai chegar? Vai destruir tudo? Vai ter água em Governador Valadares? E em Colatina?


Esperamos que haja por este vale motivos para compormos poemas exaltando belezas e conquistas e canções como a de Zé Geraldo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

NÃO JOGUE SAL NO SAPO (CAMPANHA)


É chegada a temporada de chuva na cidade, e consequentemente o aparecimento dos tão “temidos” sapos, pererecas e rãs. E por ainda uma questão cultural (pra mim + conhecido como ignorância), muitas pessoas ainda jogam sal em cima dos sapos com o intuito de expulsá-lo do local. Acontece que fazendo isso você pode acabar asfixiando o animal, pois eles respiram também através da pele, cerca de metade da absorção de oxigênio acontece por meio dela, sem contar com a dor que ele sente. Mesmo que você não ache, os anuros são de extrema importância para o equilíbrio da natureza, eles controlam a população de mosquitos (principais vetores de doenças como dengue, febre amarela e malária) e outros invertebrados. Caso ele entre na sua casa, apenas guie-o com uma vassoura, por exemplo, até a porta, isso bastará. Vamos divulgar essa idéia, NÃO JOGUE SAL NOS SAPOS, sua vida também depende deles!!!!

Por: Rebeca Alves

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

E AGORA QUEM PODERÁ NOS AJUDAR?




NOTA DO BLOG: Com esse texto de Sílvia Machado, queremos estrear nossa série no blog MUTUM ECOLOGICO, denominado AMBIENTE: GENTE DO MEIO.

E AGORA QUEM PODERÁ NOS AJUDAR?
Não será o Chapolin Colorado. Temos dificuldade com o poder público, temos que contar com a misericórdia de Deus, pois do jeito que está não pode continuar.
Depois de muito blá, blá, blá, muito conversa fiada, de projetos para daqui a 20 anos, gostaria de saber QUEM vai dar um jeito na água que a COPASA serve e cobra dos mutuenses?
Enquanto discutem o sexo dos anjos, a saúde da população está comprometida.
Hoje saí de bicicleta e fui dar uma olhada no estado do Rio MUTUM.  É de chorar, pois por incrível que pareça, contrariando o secretário do Meio Ambiente, TODOS NÃO SOFREM IGUALMENTE.
O menos favorecido não tem carro para pegar água e a leva nas costas, não tem dinheiro para comprar água mineral, bebe, cozinha, toma banho e lava roupas com esta coisa fétida e imunda que a COPASA insiste em beneficiar. 
Mas a responsabilidade não é unicamente da COPASA, pois anos atrás a prefeitura fez o favor de instalar um LIXÃO acima da captação de água, colaborando com este desastre. Acredite se quiser, o então prefeito era da área da saúde.
Um LIXÃO onde lâmpadas fluorescentes e pilhas são jogadas, fora o chorume (restos de decomposição) infiltram no lençol freático causando contaminação no solo e nos rios. A coisa é séria, pois no caso do mercúrio e outros elementos químicos causam doenças neurológicas. 
Há uma crise hídrica em Mutum? NÃO.
Há uma crise de GESTÃO, pois como uma cidade com dois rios sendo um limpo, pode continuar a captar água no rio imundo. ( veja fotos)





Há uma crise LOGÍSTICA, pois a COPASA chegou a Mutum em 1980, a cidade era outra. Desde então, a cidade cresceu horizontalmente e verticalmente. Sua população por vários fatores, seja crescimento vegetativo ou migração, é muito maior. 
Há uma crise ÉTICA, pois como uma empresa pode vender um produto que no final das contas pode causar tanto dano a nossa saúde?
A empresa não se preparou para o FUTURO, ficou no PASSADO, cobra esgotamento quando simplesmente manilhou as fezes dos mutuenses para depois coletar a água que beneficia.
Não se preparou para o futuro, comprometendo o nosso PRESENTE.

Sílvia Machado

domingo, 1 de novembro de 2015

GENTE QUE FALA DO MEIO (001)




Postagem do dia 31.10.2015 no seu perfil no Facebook

A natureza é uma expressão maravilhosa e repleta de vida 

em todos os seus cantos.(Wladimir Dias).