A discussão agora é se o rio Doce morreu ou respira por
aparelhos. Sebastião Salgado afirma que dá para recuperar o rio Doce. Também
achamos que dar.
Mas antes da recuperação, vamos ter que recuperar nossa
consciência ecológica, vamos ter que recuperar a ideia de bem comum. Vamos ter
que pensar em outro sistema político que supere a predação indiscriminada do
meio ambiente em prol do capital. Um outro mundo é possível.
Inspirado na tristeza de ver o rio agonizando, temos
dois poemas que estão sendo publicado na
página do poeta Klaus Mendes no site Recanto das Letras. PÁGINA DE KLAUS MENDES.
TIRO
DE MISERICÓRDIA NO RIO DOCE
Primeiro veio pecuária...
Ciscando colinas de sedimentos
Solidificando o leito.
Em seguida, as hidrelétricas...
Feito ordenhadeiras
Sugando toda energia
Para nosso vil aproveito.
Agora a mineradora...
Frente ao rio que não mais deságua
Dá seu tiro de misericórdia
Mais que chumbo, todo rejeito.
Nesse
primeiro poema, o poeta relembra os três atividades econômicas que devastaram o
rio Doce e boa parte da sua bacia hidrográfica. A pecuária extensiva, as
barragens das hidrelétricas, como a de Mascarenhas e Aimorés, e por último a
mineração que veio com seu rejeito.
NECROSE
DE UM RIO
A
mineradora é
Meretriz
imprudente
Enlouquecida
com rendas
Esqueceu-se
do absorvente
E
uma necrosante menstruação
Descendo
por gravidade
Aniquilando
a seiva da vida
Cidade
por cidade
O
Rio Doce amarga
No
mar está impedido que entre
Pois
a meretriz lapida
A
morte em seu ventre
No
segundo poema, vemos a comparação da mineradora a uma meretriz que não cuida
de seus absorventes, a barragem. Uma meretriz que aquilina a água, seiva da
vida e sua menstruação, a lama, vai descendo de cidade em cidade. Afinal, é
isso que ficamos debatendo nos últimos dias. Quando a lama vai chegar? Vai chegar?
Vai destruir tudo? Vai ter água em Governador Valadares? E em Colatina?
Esperamos
que haja por este vale motivos para compormos poemas exaltando belezas e
conquistas e canções como a de Zé Geraldo.
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