domingo, 22 de novembro de 2015

RÉQUIEM PARA O RIO DOCE




A discussão agora é se o rio Doce morreu ou respira por aparelhos. Sebastião Salgado afirma que dá para recuperar o rio Doce. Também achamos que dar.
Mas antes da recuperação, vamos ter que recuperar nossa consciência ecológica, vamos ter que recuperar a ideia de bem comum. Vamos ter que pensar em outro sistema político que supere a predação indiscriminada do meio ambiente em prol do capital. Um outro mundo é possível.
Inspirado na tristeza de ver o rio agonizando, temos dois poemas  que estão sendo publicado na página do poeta Klaus Mendes no site Recanto das Letras. PÁGINA DE KLAUS MENDES.


TIRO DE MISERICÓRDIA NO RIO DOCE
Primeiro veio pecuária...
Ciscando colinas de sedimentos
Solidificando o leito.

Em seguida, as hidrelétricas...
Feito ordenhadeiras
Sugando toda energia
Para nosso vil aproveito.

Agora a mineradora...
Frente ao rio que não mais deságua
Dá seu tiro de misericórdia
Mais que chumbo, todo rejeito.

Nesse primeiro poema, o poeta relembra os três atividades econômicas que devastaram o rio Doce e boa parte da sua bacia hidrográfica. A pecuária extensiva, as barragens das hidrelétricas, como a de Mascarenhas e Aimorés, e por último a mineração que veio com seu rejeito.





NECROSE DE UM RIO

A mineradora é
Meretriz imprudente
Enlouquecida com rendas
Esqueceu-se do absorvente

E uma necrosante menstruação
Descendo por gravidade
Aniquilando a seiva da vida
Cidade por cidade

O Rio Doce amarga
No mar está impedido que entre
Pois a meretriz lapida
A morte em seu ventre


No segundo poema, vemos a comparação da mineradora a uma meretriz que não cuida de seus absorventes, a barragem. Uma meretriz que aquilina a água, seiva da vida e sua menstruação, a lama, vai descendo de cidade em cidade. Afinal, é isso que ficamos debatendo nos últimos dias. Quando a lama vai chegar? Vai chegar? Vai destruir tudo? Vai ter água em Governador Valadares? E em Colatina?


Esperamos que haja por este vale motivos para compormos poemas exaltando belezas e conquistas e canções como a de Zé Geraldo.

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